Metade dos paranaenses vive apenas com R$ 621, afirma o IBGE

Já imaginou ter passar um mês inteiro com apenas R$ 621 para dar conta de todos os seus gastos? Para muitos pode ser até difícil de imaginar uma situação dessas, mas para metade dos paranaenses não é nada mais que a realidade. É isso o que mostra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A metade mais pobre da população, o equivalente a 5,72 milhões de paranaenses, vivia em 2019 com apenas R$ 621 mensais, considerando todas as fontes de renda e o rendimento per capita.

No outro extremo, o 1% da população com maior renda, somente 114,3 mil pessoas, ganhava R$ 15.061 por pessoa ao mês, o que significa que a fatia mais abastada da população recebia quase 24 vezes mais que a metade da base da pirâmide populacional.

Em todo o estado, 572 mil pessoas (5% da população) sobrevivia com R$ 124 mensais, em média. Se considerados os 30% mais pobres, o equivalente a 3,43 milhões de pessoas, a renda média per capita sobe apenas para R$ 436.
Além disso, em 2019, a massa mensal de rendimento habitual foi de aproximadamente R$ 13,88 bilhões, 5,09% maior que a estimada para 2018 e 11,87% maior que a de 2012. Já a massa mensal de rendimento domiciliar per capita alcançou R$ 18,112 bilhões.

A parcela dos 10% com os menores rendimentos da população detinha 1,38% dessa massa, enquanto os 10% com os maiores rendimentos detinham 37,5%.
O rendimento médio real de todas as fontes, que havia subido 4,33% em 2018 (para R$ 2.483), registrou queda de 2,22% em 2019 (R$ 2.428), permanecendo as discrepâncias entre o rendimento médio mensal real de todos os trabalhos das pessoas brancas (R$ 2.857), pardas (R$ 1.922) e pretas (R$ 1.716).
Também perduram as diferenças de gênero: o rendimento de todos os trabalhos dos homens (R$ 2.872) é 38,81% mais alto que o das mulheres (R$ 2.069).

População branca diminui; pardos e pretos avançam

Um dado curioso também trazido pela PNAD Contínua é que a população declarada de cor branca está diminuindo em todo o país. No Paraná, por exemplo, 70,1% da população se declarava branca em 2012. Sete anos depois, o porcentual caiu para 63%, menor índice da série hisótica.

Nesse mesmo período, a população de cor preta passou de 3,1% para 4,1% no estado, enquanto a cor parda subiu de 25,5% para 31,5%.
Em números absolutos, pode-se dizer que entre 2012 e 2019 a população branca reduziu em cerca de 381 mil, ao passo que a população preta e parda cresceu 130 mil e 833 mil, respectivamente.

Importante esclarecer que o uso do termo preto como classificação de cor ou raça nas pesquisa do censo demográfico acontece desde 1872. Segundo o IBGE, o objetivo disso é evitar algum tipo de confusão na hora de fazer a classificação. Não raro, inclusive, a população negra do país é contada a partir da soma da população preta com a população parda, por exemplo.

Entre domicílios paranaenses, 69% possuem carro

A PNAD Contínua também investigou a existência de alguns bens (geladeira, máquina de lavar roupa, automóvel e motocicleta). E o Paraná se destacou como o segundo estado com maior porcentual de domicílios possuindo carro para uso pessoal (69%), atrás apenas de Santa Catarina (74,8%). No caso de motocicleta, o porcentual baixava para 21,8% no estado e apenas 17,4% dos domicílios possuíam ambos.

A geladeira, ainda de acordo com o IBGE, é o bem mais comum de ser encontrado numa residência paranaense, estando presente em 99,5% dos das casas – inclusive, todas as grandes regiões apresentavam estimativas superiores a 90% em 2019. A máquina de lavar roupa, por sua vez, estaria presente em 81,5% dos domicílios, pior índice da região Sul e melhor apenas do que Espírito Santo (68,9%) e Minas Gerais (63,9%) se considerados também os estados da região sudeste.