Piora no cenário hidrológico brasileiro aumenta o risco de desabastecimentos pontuais
Algumas cidades brasileiras tiveram apagões no final de semana aumentando as especulações em torno da crise hídrica e o risco de o País enfrentar maiores dificuldades no fornecimento de energia.
Os fatos recentes ocorreram em cidades dos estados do Rio de Janeiro e de Minas Gerais , porém o Operador Nacional do Sistema informou em nota distribuída neste domingo que o blecaute não teve relação com a crise hídrica, e sim com um problema em uma subestação de energia.
Apesar disso, a piora no cenário hidrológico brasileiro aumentou o risco de desabastecimentos pontuais, ou seja, os chamados blecautes ou apagões, já a partir de outubro e porque a probabilidade de um racionamento de energia no país mais que triplicou desde agosto.
A análise está em relatório sobre a crise hídrica, assinado pelos analistas de energia elétrica e de saneamento Maíra Maldonado e Victor Burke.
Conforme os especialistas, chegou 27% menos água do que o esperado aos reservatórios das hidrelétricas no mês de agosto e a geração de fontes hídricas e térmicas também ficou abaixo da projeção feita anteriormente.
Essas perdas foram parcialmente compensadas por medidas adotadas pelo governo brasileiro e pela geração solar e eólica acima das expectativas, o que, entretanto, não foi suficiente para evitar que o nível de água armazenada para a geração de energia baixasse, caracterizando um cenário “significativamente pior” de setembro em diante.
Essas condições também foram indicadas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico , que apontou a necessidade de incrementar a oferta para evitar cortes.
Como resultado, estimativas anteriores foram atualizadas, fazendo a probabilidade de racionamento nos próximos 12 meses saltar de 5,5% no relatório do início de agosto , para 17,2%.
O anúncio dos programas de incentivo financeiro em troca de redução voluntária de demanda, tanto para o mercado livre de energia quanto para o mercado regulado, vem nesse sentido, aliado à contratação de usinas adicionais, a importação de energia de países vizinhos e o adiamento de manutenções programadas.