Brasil espera manter suas vendas de soja para a China

Na condição de principal exportador de soja do mundo, o Brasil espera manter suas vendas para a China, seu principal cliente, apesar da pandemia de coronavírus, da trégua na guerra comercial entre o país asiático e os Estados Unidos e das tensões diplomáticas entre Brasília e Beijing.

Em 4 de abril, o jornal de Pequim “Xin Jing Bao” relatou “preocupações” das autoridades chinesas com a possibilidade de as importações brasileiras de soja serem afetadas pela propagação da Covid-19 na América do Sul.

As exportações brasileiras de soja para a China, que caíram em janeiro e fevereiro em relação aos mesmos meses de 2019, retomaram o caminho de crescimento em março, atingindo um nível recorde de 13 milhões e 300 mil toneladas no trimestre, de acordo com dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

Em 2020, “a tendência é que a demanda chinesa de soja brasileira seja um pouco menor ou igual” a 2019, quando o Brasil exportou 58 milhões de toneladas de oleaginosas para o país asiático, de acordo a consultoria Safras e Mercado.

Se essa previsão se confirmar, o nível seria menor do que em 2018, ano em que foi atingido um recorde de 68 milhões e 600 mil toneladas exportadas, mas excederia os níveis pré-guerra comercial entre China e Estados Unidos.

A China reduziu sua demanda global no ano passado, devido à peste suína que dizimou seu gado.

O principal importador de soja do mundo gasta quase metade do que compra na sua produção de porcos, de acordo com um relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação.

O setor brasileiro de soja está confiante em sua capacidade de resistir, apesar do compromisso da China de comprar 32 bilhões de dólares a mais em produtos agrícolas dos EUA por dois anos, pelo acordo que Washington e Pequim assinaram em janeiro para suspender sua guerra comercial.~

Isso porque a soja brasileira é mais competitiva, e a China é pragmática e só deve comprar dos Estados Unidos o que for necessário para honrar o acordo.

Essa competitividade é resultado do colapso do real em relação ao dólar, que passou de 3 reais e 95 centavos há um ano para 5 reais e 40 centavos agora, uma queda portanto , de mais de 36%.