Rádio Difusora do Paraná

Cartórios registram aumento significativo na procura por registro de testamentos

 Aumento está sendo  impulsionado pela pandemia de Covid19

 

A pandemia da Covid-19 pode ter sido a principal causa do crescimento na procura pelo registro do testamento, ato jurídico que até os dias de hoje é pouco popular entre os brasileiros.

É o que aponta um levantamento realizado pela entidade que representa os Cartórios de Notas de todo o país.

A variação positiva no número de atos no primeiro semestre deste ano ultrapassou 40% na média nacional.

Houve também aumento na procura pelo testamento vital, que permite às pessoas definirem o tratamento que preferem receber caso sejam acometidas por alguma doença ou acidente graves e fiquem impossibilitadas de se comunicarem com seus familiares.

De acordo com o Colégio de Notas do Brasil, 17.500  testamentos foram registrados nos primeiros seis meses de 2021,  número  42,2% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado, quando 12,3 mil testamentos foram confeccionados.

Responsável por cerca de 30 mil das 500 mil mortes provocadas pela Covid-19 em todo o País, o Paraná não ficou de fora deste movimento.

Conforme os dados da seção paranaense do Colégio Notarial do Brasil, 1.083 testamentos foram registrados entre os meses de janeiro e maio deste ano.

Mesmo assim o  número é 32% maior do que o registrado no mesmo período de 2020 e 32,5% maior do que em 2019, ano que, até então, registrava a maior procura na série histórica.

O documento tem a função de preservar a vontade do testador relativo ao seu patrimônio, servindo como um instrumento eficaz para a sucessão patrimonial no sentido de evitar desavenças entre os herdeiros.

Neste sentido, pode beneficiar terceiros não incluídos entre os herdeiros necessários, ou seja, filhos e cônjuges.

Para Renato Lana, presidente do Colégio Notarial do Brasil – Seção Paraná, os paranaenses estão refletindo mais sobre a própria morte em razão da pandemia.

Para ele, esse processo de tomada de consciência sobre a finitude também vem se refletindo no crescimento pela procura da DAV  – Diretivas Antecipadas de Vontade – , também conhecida como Testamento Vital.

Foram quatro testamentos vitais em todo o Estado no período, o dobro na comparação com o ano anterior.

Ainda pouco conhecido, o documento surgiu na década de 1960, nos Estados Unidos, para permitir que pacientes escolhessem aos quais tratamentos desejavam ou não ser submetidos.

Entretanto, não deve ser confundido com eutanásia, que é o pedido para abreviação da própria vida.

No caso do Brasil, onde a prática é proibida, as vontades do paciente ou cidadão expostas no documento só serão colocadas em prática se estiverem atreladas às práticas da ortotanásia, ou seja, a morte natural.