Rádio Difusora do Paraná

Conquista de status sanitário cria problema para pecuaristas do Paraná

Produtores não podem mais importar bezerros para engorda

 

Números divulgados pelo  Departamento de Economia Rural, , da Secretaria da Agricultura, mostram que o  Paraná tem um déficit histórico de aproximadamente 40% no fornecimento de bezerros para a engorda.

Anualmente, o estado abate em torno de 1 milhão e 700 mil  cabeças de boi e desse total, cerca de 1 milhão e 200 mil  são animais criados em território paranaense.

Os 500 mil restantes vinham sendo importados, ainda bezerros, de outros estados, especialmente do Mato Grosso do Sul, para a engorda no Paraná e posterior abate pelos frigoríficos do estado

Desde maio, com o reconhecimento do Paraná como área livre de febre aftosa, sem vacinação, o trânsito de animais entre estados que não têm o mesmo status sanitário está proibido e com isso, os pecuaristas paranaenses não podem mais trazer bezerros do Mato Grosso do Sul, seu principal fornecedor.

De acordo com pecuaristas, a situação tende a se agravar porque os  animais que estão neste momento em fase final de engorda e indo para o abate são aqueles que entraram no Paraná ainda em 2019, quando o trânsito estava liberado.

Prevendo a falta de animais para o abate, recentemente o Ministério da Agricultura liberou o trânsito entre o Mato Grosso do Sul e o Paraná, mas apenas de carretas lacradas, carregadas com bois prontos para o abate com destino direto aos frigoríficos paranaenses.

Os pecuaristas alegam que a principal justificativa do governo do Paraná para pleitear a antecipação da declaração de área livre sem vacinação foi a abertura de mercado no Japão e Coreia do Sul para a carne suína produzida no Paraná, porém não existem   números para justificar essa decisão porque a cadeia da carne bovina foi muito prejudicada.

Inicialmente, de acordo com o Plano Nacional do Ministério da Agricultura, o Paraná integrava o bloco 5, junto com os estados do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O planejado era que todos fossem declarados, ao mesmo tempo, áreas livre de febre aftosa sem vacinação, conferindo isonomia na condição sanitária, o que estava previsto para acontecer em 2022.

O Paraná  porém avançou nesse processo e conseguiu migrar para o bloco 1, junto com o Rio Grande do Sul, se unindo aos estados do Acre e Rondônia, todos reconhecidos como área livre sem vacinação em maio último.

Conforme Rafael Gonçalves, da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná, agora os estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Minas Gerais integram o bloco 4, cujo status sanitário ainda prevê a vacinação do rebanho, que não poderá ser comercializado para os outros estados.

Para a Federação da Agricultura do Paraná , a nova situação em que o estado não pode mais trazer bezerros de fora, abre uma nova oportunidade para os pecuaristas se especializarem também na cria dos animais.

A pecuária paranaense é mais especializada nas fases de recria (dos 9 aos 18 meses) e engorda (dos 18 aos 24 meses).

O presidente da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faep,  Rodolpho Botelho, diz que especialmente na última década, devido à grande rentabilidade das lavouras de soja e milho, a pecuária acabou migrando para áreas marginais, de baixa fertilidade do solo.

Isso diminuiu o número de pecuaristas se dedicando à criação de bezerros,  tornando necessário levar informação e capacitação para os pecuaristas produzirem mais e com mais eficiência.

É o que preconiza, por exemplo,  o programa Pecuária Moderna, da Secretaria da Agricultura do Paraná, cujo  programa visa, entre outras coisas, aumentar a produção de bezerros no estado.