No caso do PIB, expectativa foi revista para baixo e dólar teve a cotação elevada
O mercado financeiro elevou, mais uma vez, as projeções para a inflação no Brasil. A mediana do relatório Focus para a inflação suavizada dos próximos 12 meses passou de 4,68% para 4,89% – acima do teto da meta, de 4,5%. Um mês antes, era de 4,36%. Essa medida ganhou importância nas análises do mercado após a regulamentação da meta de inflação contínua, que valerá a partir de 2025. Para o ano que vem, o IPCA subiu de 4,60% para 4,84%. Há um mês a projeção era de 4,34%.
A partir de 2025, a meta será contínua, apurada com base no IPCA acumulado em 12 meses. O centro continua em 3%, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou menos (1,5% a 4,5%). Se a inflação ficar acima ou abaixo do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos, o BC terá descumprido o alvo. O ministro da Fazenda pode propor uma alteração ao Conselho Monetário Nacional (CMN), mas é necessário esperar 36 meses para qualquer mudança ter efeito.
A mediana do Sistema Expectativas de Mercado, que embasa o relatório Focus, para a taxa Selic no fim do ciclo de aperto monetário subiu 0,75 ponto porcentual, de 14,25% para 15%. Com isso, o consenso dos economistas é que os juros terão de subir ao nível mais alto desde 1º de junho de 2006, quando estavam em 15,25%.
A trajetória esperada pelo mercado conta com duas altas de 1 ponto porcentual nos juros, em janeiro e março, até 14,25%, conforme o Comitê de Política Monetária (Copom) na decisão de dezembro. Depois, os economistas esperam mais uma alta de 0,50 ponto em maio, a 14,75%, e um último ajuste de 0,25 ponto em junho, a 15%.O colegiado elevou a taxa básica para 12,25% ao ano e sinalizou mais dois aumentos de um ponto porcentual, que levariam a taxa a 14,25% em março do ano que vem, o maior nível desde 2016.
Dólar
No caso do dólar, as expectativas para a cotação no fim de 2024 passara de R$ 5,99 para R$ 6,00. Um mês antes, estava em R$ 5,70. A estimativa intermediária para o fim de 2025 aumentou de R$ 5,85 para R$ 5,90, na oitava alta seguida. A projeção para o fim de 2026 subiu de R$ 5,80 para R$ 5,84 e, para o fim de 2027, de R$ 5,70 para R$ 5,80.
A moeda americana fechou a última sexta-feira, 20, em R$ 6,0721, em mais um dia de intervenção pesada do Banco Central no mercado de câmbio, com injeção de US$ 7 bilhões. O resultado do fechamento da semana representou um alívio ante o pico visto no fechamento da última quarta-feira, 18 (R$ 6,2657), mas ainda assim uma alta de 0,68% na semana.
A projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média para a taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, como era até 2020. Com isso, o BC espera trazer maior precisão para as projeções cambiais do mercado financeiro.
PIB
Para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, as projeções para 2024 passaram de 3,42% para 3,49%, a quinta alta consecutiva. Um mês antes, a estimativa era de 3,17%. A estimativa intermediária para 2025 passou de 2,01% para 2,02%, contra 1,95% um mês antes. Os economistas do mercado revisaram a projeção de crescimento da economia para 2026, passando de 2,00% para 1,90%, após 71 semanas de estabilidade. Para 2027, a estimativa permaneceu em 2,0%, como já está há 74 semanas.
O Banco Central revisou a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2024 de 3,2% para 3,5%. A projeção para 2025 passou de 2,0% para 2,1%. Os números constam no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) de dezembro, divulgado na última quinta-feira, 19.