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PEC da prisão em 2ª. Instância se arrasta na Câmara Federal

Entrada de Sergio Moro e Deltan Dallagnol na política assusta deputados

 

A comissão especial da Câmara dos Deputados que analisa a proposta de emenda à Constituição  da prisão em segunda instância adiou, pela segunda vez em poucos dias, a votação do relatório apresentado pelo deputado Fábio Trad.

A expectativa era de que o texto fosse votado ontem,  terça-feira  pelo colegiado, porém não houve acordo e  até mesmo a possível candidatura a presidente de Sergio Moro  virou motivo do impasse e com isso, a sessão foi cancelada.

A expectativa, porém, é de tentar votar a PEC nesta quarta-feira e daí, passando na comissão especial, o texto segue para votação no plenário.

O projeto define que o trânsito em julgado , momento em que, segundo a Constituição, o condenado criminalmente é considerado culpado e começa a cumprir pena, acontece após condenação pela segunda instância judicial.

Com isso, a PEC acaba com os recursos extraordinário e especial ao Supremo Tribunal Federal  e ao Superior Tribunal de Justiça, respectivamente.

O relatório também expande essa alteração para o Tribunal Superior do Trabalho  e o Tribunal Superior Eleitoral.

Os atuais recursos aos tribunais superiores seriam considerados, na prática, como um novo processo judicial.

O relatório final da PEC foi apresentado por Fábio Trad em setembro de 2020, e desde então aguardava para ser votado pelos deputados.

Na semana passada, o presidente da Comissão Especial, o paranaense  Aliel Machado , tentou pautar a PEC no colegiado, mas acabou adiando para esta semana numa tentativa de construir um acordo com os parlamentares.

Nos bastidores, deputados dizem que a entrada na política do ex-juiz Sergio Moro  e do ex-coordenador da Lava Jato Deltan Dallagnol ,  ampliou a resistência dos parlamentares contra a PEC.

Durante as investigações da força-tarefa, Moro e Deltan defenderam a prisão de condenados em segunda instância, entre eles integrantes do Congresso.

Já os  defensores da medida acreditam que, caso consigam aprovar o texto na comissão especial, a mobilização política de Moro e Deltan no período eleitoral poderia favorecer a aprovação em plenário,contudo, a proximidade das eleições poderia deixar o tema para a próxima legislatura.

Relator da PEC, Fabio Trad acredita que o texto não teria chances de avançar sem a mobilização dos parlamentares e por isso  os contrários ao texto tentam deixar a PEC parada na comissão especial.

Regimentalmente porém, o presidente da Câmara, deputado Arthur Lira , já poderia levar a PEC diretamente para votação em plenário, porém  defensores da matéria acreditam que o texto poderia ser derrotado caso fosse analisado ainda neste ano pela Casa.