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“Pegaram meu filho inteiro, devolveram pedaços”, diz mãe de passageiro

Familiares da maioria das vítimas do acidente com um avião da VoePass em Vinhedo, no interior de São Paulo, continuam aguardando informações sobre a identificação dos corpos para que possam realizar o velório de seus parentes. Até o momento, 17 vítimas foram identificadas e oito foram liberadas do Instituto Médico Legal (IML) Centro da capital para serem enterradas. No total, 62 pessoas morreram no desastre aéreo.

As famílias estão hospedadas no Hotel Jaraguá In, no bairro da República, onde estão sendo acompanhadas por funcionários da Defesa Civil.

“A gente está esperando o telefone tocar, é muita angústia”, afirmou na tarde desta segunda-feira (12/8), a mãe de uma das vítimas. A mulher, que preferiu não ser identificada, diz que, no sábado (10/8), foi até o IML para cadastramento e coleta de material genético, que pode ser usado no processo.

“Devolveram os pedaços”

“A gente vai cremar, não tem o que fazer. Não sobrou nada. Eles pegaram meu filho inteiro, e devolveram os pedaços”, disse a mulher.

Segundo ela, seu filho tinha uma empresa de tintas e morava na região do ABC paulista. A família é da região de Parapuã, no interior de São Paulo.

A mãe do passageiro diz suspeitar que a aeronave ART-72 da VoePass tinha problemas. Relatório ao qual O Globo teve acesso afirma que o avião tinha um problema no painel, que não impedia o voo, mas dificultava a operação.

A aeronave também havia sofrido danos estruturais ao bater a cauda na pista durante um pouso em Salvador em março deste ano. Havia, ainda, o registro de problemas com o ar condicionado e consertos pendentes.

Compra na Latam

“A maioria das informações que eu tô recebendo são pela imprensa. Cada vez mais a gente tem certeza de que esse avião não era para ter subido. A gente viu reportagem dizendo que tinha problema no painel, de manutenção. Eu quero uma resposta da Latam. Ele comprou a passagem da Latam, não com essa companhia porcaria”, disse a mãe do passageiro.

A Latam e a VoePass têm um acordo de codeshare — modalidade em que o usuário compra a passagem no site de uma empresa aérea e embarca no avião de outra.

Em nota, a Latam informou que acordos comerciais de codeshare “são frequentes na aviação”. “Nestes casos, o operador responsável e o modelo de aeronave prevista para aquele voo são devidamente informados ao passageiro antes mesmo da sua decisão pela compra”, disse a Latam.

Já a VoePass afirmou que a aeronave decolou do Paraná com todas as condições operacionais para cumprir a programação.

Segundo o diretor de Operações da VoePass, Marcel Moura, o avião havia passado por uma revisão técnica de rotina na madrugada anterior, em Ribeirão Preto, onde fica a sede da empresa. Ela estava “100% despachada, de acordo com os manuais e regulamento”, após a inspeção, disse Moura. Para a empresa, ela estava apta a voar.

 

CGN com informações do Metrópoles