A Polícia identificou dez vítimas e apurou que o prejuízo total ultrapassa R$ 15 mil, sendo parte desse valor transferida para contas de pessoas próximas às autoras.
A Polícia Civil do Paraná, por meio da 47ª Delegacia Regional de Polícia de Marechal Cândido Rondon, cumpriu nesta terça-feira (14) dois mandados de busca e apreensão expedidos pelo Poder Judiciário, no âmbito de uma investigação que apura fraudes praticadas contra aposentados e pensionistas da região.
As diligências são resultado de um trabalho investigativo que identificou um esquema criminoso voltado à obtenção indevida de vantagens financeiras, mediante o uso de artifícios enganosos e manipulação de benefícios previdenciários.
De acordo com as apurações, as autoras — que atuaram em instituições financeiras de Marechal Cândido Rondon — abordavam vítimas idosas, em especial aposentadas, oferecendo falsos benefícios bancários, como aumento de crédito, quitação de dívidas e unificação de empréstimos.
Após conquistar a confiança das vítimas, muitas vezes frequentando suas residências e mantendo contato próximo, as investigadas coletavam dados pessoais e fotografias de documentos, sob o pretexto de auxiliar na reorganização financeira.
Com essas informações em mãos, as suspeitas realizavam transferências não autorizadas dos benefícios previdenciários para contas controladas por elas. Parte dos valores era então desviada, reduzindo significativamente o valor recebido pelos aposentados. Em alguns casos, quem deveria receber cerca de R$ 1.000,00 mensais passou a ter depósitos entre R$ 500,00 e R$ 700,00.
Durante as investigações, a Polícia Civil identificou dez vítimas e apurou que o prejuízo total ultrapassa R$ 15 mil, sendo parte desse valor transferida para contas de pessoas próximas às autoras.
O delegado da 47ª Delegacia Regional, Anderson Santana, explicou que o caso veio à tona após o registro de diversos boletins de ocorrência relatando diminuição de até 50% no valor das aposentadorias.
“Diante dessa situação, foi instaurado um inquérito policial para entender o que estava acontecendo. No decorrer das investigações, descobrimos um esquema de fraude contra idosos, envolvendo pessoas vinculadas a instituições financeiras, que criavam vínculo com as vítimas para aplicar os golpes”, afirmou o delegado.
Segundo ele, o grupo criminoso se aproveitava da vulnerabilidade das vítimas — muitas de idade avançada, com baixa escolaridade e pouca familiaridade com tecnologia — para manter o esquema ativo por tempo prolongado.
“Os autores tiravam fotos do rosto das vítimas e dos documentos, utilizavam esses dados para realizar empréstimos consignados e, quando o dinheiro caía na conta, o valor era transferido para terceiros, deixando os idosos no prejuízo”, explicou Santana.
As buscas foram realizadas em endereços de Marechal Cândido Rondon e também em Iguatemi, no Mato Grosso do Sul, com apoio da Polícia Civil daquele Estado. Durante as diligências, foram apreendidos celulares, documentos bancários e outros materiais que devem auxiliar na conclusão das investigações.
As condutas apuradas podem configurar os crimes de estelionato majorado (art. 171, §4º, do Código Penal) e associação criminosa (art. 288, CP), entre outros delitos conexos.
O delegado reforçou um alerta à população, especialmente aos idosos, para que redobrem os cuidados ao realizar operações bancárias:
“Nunca permitam que terceiros tirem fotos de seus documentos ou do rosto para realizar movimentações bancárias. Em caso de dúvida, busquem auxílio de familiares ou pessoas de confiança. Criminosos se aproveitam dessas situações para aplicar golpes e subtrair valores diretamente das contas das vítimas”, concluiu.