Com uma safra de soja estimada em recorde de 20,2 milhões de toneladas, contando com condições climáticas favoráveis e um aumento na área plantada em 2020/21, o Rio Grande do Sul caminha para voltar a ser o segundo Estado produtor da oleaginosa no país, superando o Paraná, que enfrentou alguns problemas de seca e chuvas excessivas na colheita.
O clima está mais generoso com os gaúchos
Mais do que uma mudança no ranking entre esses dois produtores do Sul, algo raro na história recente, a boa safra do principal produto de exportação brasileiro ocorre em momento em que os preços estão em patamares elevados, o que deverá colaborar também para uma melhora da economia gaúcha após perdas expressivas pela seca na colheita da temporada passada. O diretor técnico da Emater-RS, Alencar Rugeri, informou durante live para apresentar os números de safra nesta quinta-feira que o clima foi “generoso” em janeiro, com chuvas abundantes em mês chave para determinar a produtividade da cultura, após o Estado ter sido levado a atrasar o plantio em dezembro, devido à seca que reduziu o potencial produtivo do milho. O especialista disse que, com o atraso no plantio –o que resulta agora em um início mais tardio da colheita– cerca de 50% da soja ainda precisa de umidade, mas ele disse ter “convicção de que a estimativa de super safra deverá se confirmar”, já que não há prognóstico de estiagem ou chuvas excessivas para esta última fase do ciclo. A produção deverá dar um salto de 80% na comparação com o ciclo passado, quando a seca dizimou as plantações. A produtividade média, que crescerá 76,6% ante o ano anterior, atingirá 3.326 quilos por hectare, sendo a segunda maior da história, atrás apenas de 2017/18 (3.385 kg/ha), segundo os dados da Emater.A façanha dos gaúchos ocorre apesar de o Paraná prever colher uma de suas melhores safras, estimada nesta quinta-feira pelo Departamento de Economia Rural (Deral) em 20,09 milhões de toneladas, leve redução na comparação com o número de fevereiro (20,34 milhões).
A produtividade média do Paraná está agora em 3.599 kg/ha, ainda acima da vista no Rio Grande do Sul, que plantou cerca de 500 mil hectares a mais do que o Paraná.
A colheita do Paraná, onde o plantio tradicionalmente começa mais cedo, já superou 75% da área plantada, enquanto no Rio Grande do Sul os trabalhos para retirar os grãos dos campos tinham atingido 10% do plantio total, com atraso de 29 pontos percentuais ante a safra anterior.