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Ministério Público sobrevoa área e se diz contra reabertura da estrada do colono

O Ministério Público Federal em Foz do Iguaçu realizou na última semana sobrevoo de helicóptero no Parque Nacional do Iguaçu e constatou a regeneração total da vegetação na área do leito da antiga Estrada do Colono.

A reabertura provocaria gravíssimos danos ambientais 

A diligência foi realizada para instruir um inquérito civil que apura a possibilidade de reabertura da rodovia no interior do parque, entre os municípios de Serranópolis do Iguaçu e Capanema.

Projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados prevê a reabertura da estrada, sob a justificativa de restaurar as relações socioeconômicas e turísticas nas regiões Oeste e Sudoeste do Paraná, o que para o Ministério Público Federal representa grave risco para a Unidade de Conservação.

Durante o sobrevoo, o comandante da aeronave da Polícia Rodoviária Federal teve dificuldade de localizar a área da antiga estrada, devido ao completo estado de regeneração da floresta.

O antigo leito da estrada já desapareceu sob a vegetação, razão pela qual sua localização só foi possível por meio das coordenadas geográficas com uso de GPS.

A procuradora da República Daniela Caselani Sitta e o técnico de segurança institucional do MPF, Jean Matheus Tessari Wagner, observaram que da antiga estrada resta apenas uma “cicatriz” em meio à floresta, ou seja, um discreto “risco” em alguns pontos onde a mata regenerada no antigo leito ainda é mais baixa.

De acordo com o que foi apurado pelo MPF, a reabertura da estrada exigiria um desmatamento de 20 hectares dentro do Parque Nacional do Iguaçu, área que se regenerou nos últimos 16 anos, desde o fechamento definitivo da Estada do Colono por uma decisão judicial.

Para a promotoria, a reabertura da estrada provocará os seguintes danos ambientais: a “ruptura” do ecossistema, com o consequente isolamento de animais, pois algumas espécies não atravessam áreas desmatadas; erosão e assoreamento de cursos d’água; o chamado “efeito de borda”, que consiste na alteração nas condições microclimáticas (temperatura, umidade, insolação e vento ), e produz grande desequilíbrio no bioma como um todo; morte de animais por atropelamento; difusão de doenças e contaminação biológica devido ao tráfego de veículos e de pessoas; risco de degradação ambiental por acidentes de trânsito dentro do Parque, com o consequente vazamento de combustível; a facilitação da presença de pescadores, caçadores e palmiteiros.