Esquema consistia em obtenção fraudulenta de empréstimos e lavagem de dinheiro concedidos a empresas fantasmas, compostas por ‘laranjas’.
Em operação na manhã desta segunda-feira (13), policiais civis do 8º Departamento de Polícia Judiciária do Interior (Deinter-8), com sede em Presidente Prudente (SP), desmantelaram uma associação criminosa suspeita de desviar mais de R$ 13 milhões do Banco do Brasil. No total, foram presas 12 pessoas e apreendidos mais de R$ 500 mil em dinheiro.
As ações policiais foram desenvolvidas em seis cidades, nos estados de São Paulo e do Paraná:
- Umuarama (PR),
- Monte Castelo (SP),
- Tupi Paulista (SP),
- Osvaldo Cruz (SP),
- São João do Pau d’Alho (SP) e
- Nova Independência (SP).
A operação objetiva o cumprimento de 13 mandados de prisão temporária e 13 mandados de busca e apreensão domiciliares, além do sequestro de mais de R$ 4,5 milhões em bens frutos dos ilícitos, que estão em nome dos integrantes da organização, após representação levada pela Polícia Civil à Justiça.
A ação policial foi denominada Argentarii, em referência ao período romano em que os banqueiros eram os profissionais de depósitos, realizavam a coleta do dinheiro, guardavam e os emprestavam a outros clientes.
Esquema ‘sofisticado’
As investigações começaram em 2017, na Delegacia de Polícia de Euclides da Cunha Paulista (SP), cidade onde ficava situada a agência bancária vítima do crime, e foram concluídas pela 1ª Delegacia de Polícia de Investigações Gerais (DIG) da 8ª Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic).
De acordo com a polícia, “trata-se de um sofisticado esquema criminoso voltado à obtenção fraudulenta de empréstimos bancários e lavagem de dinheiro, os quais eram concedidos a empresas fantasmas, compostas por ‘laranjas’”.
“O grupo contava com a participação de um gerente-geral de agência bancária (já demitido) e um contador para a organização burocrática, além de vários empresários que adquiriam empresas inativas, promoviam as alterações de seus quadros societários e objetos sociais, transformando-as em empresas transportadoras e, então, após comprovarem falsamente rendimento milionário em nome daquelas empresas fantasmas, obtinham empréstimos bancários de valores exorbitantes, os quais eram aprovados de maneira também fraudulenta pelo então gerente”, explicou a polícia.
Os prejuízos à instituição financeira passam de R$ 13 milhões, de acordo com a Polícia Civil.
O delegado Ramon Euclides Guarnieri Pedrão, responsável pelas investigações, disse ao G1 que o grupo começou a atuar em 2013, no entanto, a instituição só acionou a polícia em 2017, quando uma parte dos envolvidos ainda continuava agindo.
“Para nós, a maior conquista da operação é a apreensão do grande valor em dinheiro”, destacou o delegado ao G1.
Mais de R$ 500 mil em dinheiro foram apreendidos nesta segunda-feira (13) — Foto: Polícia Civil
Durante a operação foram apreendidos e sequestrados 13 veículos e três caminhões, além de ter sido determinado o sequestro de cinco imóveis e o bloqueio de valores em contas correntes dos envolvidos pelo Banco Central, conforme solicitado pela autoridade policial, além de dinheiro em espécie que era guardado na casa de um dos integrantes, no valor total de R$ 505.850,00.
O delegado ainda disse ao G1 que um dos imóveis e um dos caminhões sequestrados foram localizados em Umuarama, onde reside o gerente bancário da instituição, que participava da associação criminosa. O contador, que também integrava o grupo, foi localizado em Tupi Paulista, segundo Pedrão.
Também foram apreendidos diversos contratos sociais e documentos relacionados, os quais serão ainda analisados durante a investigação.
Até o momento, seguem presas 12 pessoas e cumpridos todas as buscas domiciliares. Os presos após a conclusão das ações da Polícia Civil, serão encaminhados para unidades prisionais de Adamantina (SP) e Presidente Venceslau (SP).
Os documentos e materiais apreendidos serão periciados e instruirão novas fases das investigações.
Um dos integrantes do grupo ainda se passava por delegado da Polícia Federal e aplicava outros golpes, alguns deles praticados em detrimento de outros comparsas, o que ainda segue sob apuração.
Banco do Brasil
O G1 solicitou o posicionamento oficial do Banco do Brasil sobre o assunto e a Assessoria de Imprensa da instituição respondeu por meio da seguinte nota:
“O Banco do Brasil informa que realiza investigações sobre fraudes internas e externas praticadas contra a instituição e comunica tais ocorrências às autoridades policiais. O BB adotou todas as providências no seu âmbito de atuação e colabora com as investigações”.
Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) em Presidente Prudente — Foto: Polícia Civil